quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

DERLON ALMEIDA E SUA XILOGRAVURA DE CONCRETO

      Artista de 29 anos e natural de Recife (PE), ele imprime em muros, paredes e cartazes sua arte marcante que mistura arte popular e street art. Com traços fortes, muito contraste e grande valorização da cor branca, os grafites de Derlon fazem referência à cultura tradicional nordestina e são inspirados na xilogravura, método antigo de pintura, do qual pouco se sabe sobre a origem. Segundo historiadores, foi desenvolvida pelos chineses e já era praticada por este povo desde o século 6. No Brasil, a técnica se popularizou na região nordeste, onde era frequentemente utilizada para ilustração da literatura de cordel e se eternizou em nomes como J.Borges e Gilvan Samico.
      Foi nessas raízes, uma das principais formas de comunicação impressa da cultura popular, tão presentes desde a infância no imaginário do artista, que Derlon encontrou a identidade que buscava para seu trabalho e transformou a prática quase primitiva em uma arte contemporânea a todos nós. Ao contrário do excesso de cores comum em grafites de muitos artistas de rua, o pernambucano escolheu o simples, o que fala mais perto ao ouvido das pessoas que estão nas ruas. Traços grossos e expressões fortes, muitas vezes sofridas, que transmitem as emoções de um povo que o artista conhece bem.     Em seu livro Antologia de Folclore Brasileiro, Américo Pellegini Filho, estudioso da cultura popular, afirma ainda no início da década de 80: “Já dizíamos em trabalho anterior que as xilogravuras populares tendiam a continuar existindo isoladamente dos próprios folhetos de cordel, em função dos quais tinham sido originadas”. O que Pellegini Filho talvez não imaginasse, é que esta arte faria história também em muros, sejam em centros urbanos ou em áreas rurais. Suas obras podem ser vistas principalmente em painéis e muros por Recife, mas em São Paulo e no Rio de Janeiro é possível esbarrar com um grafite do artista, além de trabalhos que realiza em exposições e galerias de arte, no Brasil e no exterior. A exposição Ouro Branco, seu mais recente trabalho, retrata famílias de agricultores no sertão nordestino.


O OURO BRANCO DO SERTÃO NORDESTINO
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      A Exposição Ouro Branco, que já teve intervenções em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, e chega a Paris em junho, é resultado da residência artística no distrito rural de Riacho do Meio, no município de Choró (CE). Derlon levou sua arte essencialmente de rua para o interior do sertão cearense e agora, traz o resultado deste trabalho de volta às ruas. O artista passou uma semana vendo de perto como é a vida dos agricultores do local e conhecendo melhor suas trajetórias e histórias de vida.
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“Através de pinturas em casas da comunidade, retratei um pouco daquilo que vi, das pessoas que conheci e as histórias que ouvi. Minha intenção agora é valorizar a história dessa comunidade. Fazer com que outras pessoas conheçam um pouco mais do sertão. Ajudando a preservar a memória deste lugar para as gerações futuras”, explicou Derlon, no vídeo que apresenta o projeto, no Catarse.

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                             POSTADO POR: LUISA MARA E CAMILA SERRA.

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