As primeiras expressões da arte brasileira estão representadas nas manifestações culturais amazônicas entre o período de 5000 a.C. a 1100. A fabricação de artefatos de cerâmica, vasos antropomorfos e zoomorfos, com suportes e apliques ornamentais, fazem parte desta história.
A arte indígena também teve importantes manifestações, caracterizada pelas cores e desenhos feitos com pigmentos vegetais, junto com a confecção de adornos que são encontrados por todo o território brasileiro.
A arte barroca foi introduzida no Brasil no início do século XVII pelos missionários católicos, especialmente jesuítas, que trouxeram o novo estilo como instrumento de doutrinação cristã. O poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira, em 1601, é um dos marcos iniciais. Tivemos o Aleijadinho como expoente na escultura e o Mestre Ataíde, na pintura.
A pintura e a escultura barrocas se desenvolveram como elementos auxiliares, fundamentais para a pregação da religião. Ao lado da arquitetura formavam o cenário dramático e emocional para a catequese.
As primeiras pinturas criadas no Brasil também tinham fins religiosos. Apareceram em meados do século XVII, feitas sobre pranchas de madeira. As pinturas em telas, que retratavam as terras brasileiras e as pessoas locais, foram feitas nesta mesma época por artistas holandeses em Pernambuco.
O século seguinte viu a pintura florir em inumeráveis centros religiosos em todas as regiões do país. Em 1732 Caetano da Costa Coelho introduziu, na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, no Rio de Janeiro, a primeira pintura de perspectiva arquitetural ilusionística.
Devido ao apoio da Corte portuguesa ao neoclassicismo, a pintura barroca brasileira, assim como as outras artes, encerrou sua trajetória a partir do início do século XIX. Mas sua influência ainda ficou por mais uns 50 anos. Alguns exemplos são: Manuel de Ataíde, líder da escola mineira, com uma obra perfeitamente rococó, e José Teófilo de Jesus, uma das maiores figuras na Bahia, com trabalhos em que se percebe apenas uma leve atualização estilística, com elementos pré-clássicos.
Em 1808, com a chegada da Corte portuguesa ao Brasil, a cidade do Rio de Janeiro passou por um processo de urbanização. Começou um ciclo cultural com um campo propício à divulgação das novas influências europeias.
Surgiu o Academismo nacional, um sistema de ensino e um movimento filosófico e político. Antes disso, a produção artística ocorria através de corporações de artesãos e ateliês coletivos, e o aprendizado acontecia de modo essencialmente informal. Adotando a ideia de que a arte pode ser ensinada através de um treinamento disciplinado e metódico, ficava problematizada a noção de originalidade e separava-se arte e artesanato. Assim, o Academismo não foi um estilo específico, e sim uma forma de aprender arte, contemplando estilos como o renascentista, maneirista e barroco.
A “escola de arte” foi criada, mas tardou em se estabelecer, enfrentando muitas oposições e hostilidades por parte de artistas já estabelecidos e herdeiros das tradições do barroco. Debret e Montigny foram dois dos mais persistentes no objetivo de desenvolver a escola. O primeiro realizou extensa documentação visual da natureza, dos índios e escravos e da vida urbana do Brasil, em uma série de aquarelas e desenhos. Simplício Rodrigues de Sá colaborou e foi autor de um dos melhores retratos oficiais da pintura nacional, o último de Dom Pedro I, em um estilo neoclássico elegante, com ecos do rococó. Nesta fase também foram destaques José Correia de Lima, bom retratista, e Augusto Müller, paisagista e retratista de talento.
O Academismo foi a expressão que prevaleceu do início do século XIX até o início do século XX. Nasceu com a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios fundada por Dom João VI em 1816, por incentivo da Missão Artística Francesa, floresceu com a Academia Imperial de Belas Artes e o mecenato de Dom Pedro II e encerrou-se com a incorporação de sua sucessora republicana, a Escola Nacional de Belas Artes, criada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1931.
A estabilidade do Segundo Império gerou condições para mais um ciclo de grande desenvolvimento nas artes. Após 1822, cresceu, no Brasil independente, o sentimento de nacionalismo. Buscou-se o passado histórico e exaltou-se a natureza da pátria.
A produção central desta fase pode ser descrita como romântica, com um imaginário heroico, dramático e ufanista, que se alinhou em um projeto nacionalista inédito na história cultural do Brasil. Ao mesmo tempo, durante este período, houve uma inspiração na temática indígena que se tornou símbolo de uma brasilidade, autêntica e pura, dado importante no resgate das raízes nacionais.
Pedro Américo, um dos maiores pintores brasileiros do século XIX, privilegiou cenas históricas com temas nacionais, num estilo grandioso que tanto glorificava as façanhas do povo e de seus protagonistas como a benevolência e firmeza da Coroa. Suas obras mais importantes, O Grito do Ipiranga e A Batalha do Avaí, são peças capitais do Academismo nacional.
Outro mestre desta fase foi Victor Meirelles. Possuidor de um talento que transcende a política e a ideologia heroica, pintou quadros como A Primeira Missa no Brasil, de feição tranquila e composição impecável, e Moema, peça-chave do nacionalismo indígena, tipicamente romantizado. Em São Paulo destacavam-se Almeida Júnior, Eliseu Visconti, Pedro Alexandrino Borges. Refletiram em seus trabalhos a diversidade de tendências da época, como o Realismo, o Impressionismo, o Simbolismo, o Ecletismo e a Art Nouveau.
Na primeira metade do século XX surgiu o Modernismo brasileiro, amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a cena artística e a sociedade, sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas. Teve como influências a assimilação de tendências lançadas pelas vanguardas europeias no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, como, por exemplo, o Cubismo e o Futurismo. Refletia a procura da abolição de todas as regras anteriores e a procura da novidade e da velocidade.
O Modernismo teve três movimentos distintos. Um primeiro radical, opondo-se a tudo o que foi anterior, cheio de irreverência e escândalo. Um segundo mais ameno, que formou grandes romancistas e poetas, e um terceiro, chamado de Pós-Modernismo, que se opunha ao primeiro e era por isso ridicularizado e chamado também de Neoparnasianismo.
O ponto de partida para a arte moderna foi a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922, e marcada pela liberdade de estilo, pela renovação de linguagem e pela ruptura com o passado. O cerne da discussão não eram estilos ou correntes em si, nem o Brasil ou a Europa, mas sim a liberdade de pesquisa e expressão individual, que se refletia não apenas na temática e forma, assim como no instrumental técnico e material.
A pintora Anita Malfatti foi a precursora com uma exposição criticada por grandes nomes como Monteiro Lobato, escritor que pregava uma arte com princípios imutáveis. No entanto, logo ela foi apoiada por nomes consagrados como: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Vicente do Rego Monteiro, Víctor Brecheret, Menotti Del Pichia, Sérgio Milliet e Heitor Villa-Lobos, entre outros.
Nesse período foram feitas grandes críticas ao Academismo. Idealizador da Semana de Arte de 22 e referência do Modernismo, o pintor Di Cavalcanti descreveu o Academismo como um estilo “idiota” das críticas literárias e artísticas dos grandes jornais. Deste modo, ele apoiava as especulações culturais, curiosas de novas formas e estilos do seu grupo de modernistas. De um lado estavam os que defendiam que a arte fosse uma cópia fiel do real; do outro, os modernos que almejavam uma liberdade criadora para o artista, sem os limites da realidade.
É neste contexto que surge a figura de Tarsila do Amaral, com obras originais como A Negra e A Caipirinha, além da tela Abaporu, de 1928, com movimentos antropofágicos. A Antropofagia propunha deglutir as influências estrangeiras, absorvendo suas qualidades e concedendo a elas uma feição mais brasileira.
O Modernismo brasileiro teve grande adesão entre as décadas de 30 e 40, fazendo com que a corrente principal da pintura se abrisse em largo leque, sendo impossível acompanhar uma linha unificada de evolução. O crescente contato dos intelectuais brasileiros com o exterior trazia constantemente à cena informações novas, que eram absorvidas com presteza e já derivavam em novas formulações. Em 1931 realizou-se o Salão Revolucionário, pela primeira vez aberto aos modernos. Em São Paulo, egressos da Semana de 22, juntamente com Lasar Segall e Antonio Gomide, fundaram em 1932 a Sociedade Pró-Arte Moderna, com uma arte angulosa, de cores fortes, que procurava expressar as paixões e os sofrimentos dos seres humanos.
Em 1934, Candido Portinari iniciou uma brilhante carreira com a tela Café. Sua arte denunciava as desigualdades da sociedade brasileira. Seu trabalho ficou conhecido internacionalmente, caracterizado pelo volume de corpos humanos e pés enormes, relacionando as figuras com a terra. Recebeu uma série de encomendas oficiais e retomou uma tradição de composições históricas grandiosas num estilo moderno. Fez também uma grande quantidade de obras em que retratava de maneira expressionista a realidade da população rural, notadamente dos retirantes do Nordeste.
Em 1947 o Grupo dos 19 realizou uma mostra marcada pelo Expressionismo do pós-guerra, da qual participaram, entre outros, Flávio Shiró, Maria Leontina, Luís Sacilotto, Aldemir Martins e Mário Gruber. Alguns de seus integrantes se destacaram no panorama nacional e levaram a interpretação brasileira da abstração a uma nova abordagem do Surrealismo.
O Abstracionismo se estabeleceu no Brasil influenciado pelo desenvolvimento industrial acelerado, com a atuação precursora de Cícero Dias, Antônio Bandeira e Samson Flexor. Em 1953 foi lançada a primeira Exposição Nacional de Arte Abstrata, com obras de Bandeira, Ivan Serpa, Lygia Clark e Hélio Oiticica. Formou-se paralelamente o movimento Concreto, que expôs pela primeira vez em 1956 no MAM de São Paulo. O Concretismo desapareceu por volta de 1959, abrindo espaço para a criação do movimento Neoconcreto, que buscava um resgate da sensibilidade depois dos rigores geométricos cerebrais do antecessor. Alfredo Volpi, com uma obra amadurecida de grande requinte, assumiu um caráter puramente abstrato e construtivo.
Na década de 60 duas grandes tendências se fizeram notar. A primeira foi uma continuidade das pesquisas formais abstratas derivadas do Concretismo e Neoconcretismo, com influência das artes gráficas ou incorporando objetos e colagens nas obras, com uma organização geométrica. Destacaram-se Mira Schendel, Abelardo Zaluar, Arcangelo Ianelli, Raymundo Collares e Pedro Escosteguy. A outra linha ficou conhecida como Nova Figuração e retomou a figura, com uma linha informal, privilegiando formas fluidas com ênfase na sensibilidade do gesto espontâneo e das sutis gradações de cor. Foi influenciada pelos meios de comunicação de massa, pelas expressões populares incultas e pelas artes gráficas, aproximando-se da arte pop americana, embora com objetivos bem distintos. Tinha uma veia urbana mais agressiva, engajada socialmente, com apelo e humor crítico. Seus nomes principais foram Rubens Gerchman, Wesley Duke Lee, Carlos Vergara, Antônio Dias, Nelson Leirner, Roberto Magalhães, Cláudio Tozzi, Carlos Zílio, Manabu Mabe e Iberê Camargo, com seu dramatismo explosivo.
A transição entre a década de 1960 e a de 1970 foi marcada pela atmosfera da ditadura militar. Através da pintura, diversos artistas tomaram a tarefa de reavaliar a natureza da arte e seu papel na sociedade. A obra deixou de ser um objeto e passou a ter uma função social. Nasceu a arte conceitual, minimizando a importância do objeto físico e privilegiando as ideias e propostas subjacentes. Observou-se um entrecruzamento de materiais e técnicas, tornando difícil a classificação de cada peça. Nesta mistura, chegou-se a acreditar que a pintura, ou pelo menos sua representação tradicional, estava morta. As obras de Luiz Paulo Baravelli, Carlos Fajardo, Cláudio Tozzi e Carlos Vergara nesta fase exemplificam o estilo.
A progressiva abertura política dos anos 80 trouxe um clima de relaxamento ao cenário das artes. Emblemática desta época foi a exposição “Onde está Você, Geração 80?”, montada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Nela a pintura voltou com grande força, provando que a “suposta morte” fora um período de incubação e assimilação da multiplicidade de perspectivas abertas pelos questionamentos da década anterior. A temática política foi abandonada em favor de uma explosão de cores, formas e assuntos para abordar a vida urbana e o corpo humano em seus variados aspectos, como a sexualidade. Alguns de seus artistas de destaque foram Daniel Senise, Beatriz Milhazes, Jorge Guinle Filho, Leonilson, Karin Lambrecht e Leda Catunda.
A década posterior revelou um certo esvaziamento, e a releitura tornou-se um lugar comum. Sentiu-se a necessidade de direcionar os esforços em busca de um novo sentido para a prática da pintura. A saída encontrada por alguns foi a deformação e a ênfase em aspectos de perversidade, com o corpo humano e as relações interpessoais como objeto central. Outros usaram mais positivamente a enxurrada de novos conceitos e a abertura de campos de pesquisa, criando linguagens pessoais plasticamente atraentes e com uma pluralidade de leituras e associações possíveis.
A pintura brasileira contemporânea recente tem recebido maior atenção e aceitação no exterior, e está plenamente atualizada com todas as correntes importantes em evidência no momento. Destaca-se a diversidade e também a busca por uma nova significação de termos e elementos, espelhando a sociedade globalizada de que o Brasil hoje faz parte.
À margem do circuito artístico intelectualizado, existe também no Brasil um rico acervo de pintura que não se enquadra na categoria erudita. São os artistas populares ou naïfs. O gênero pode ser encontrado em qualquer época da arte brasileira, mas somente no início do século XX recebeu atenção da crítica especializada, a partir da produção de José Bernardo Cardoso Júnior, o Cardosinho, com obras no Tate Gallery de Londres.
Alheios à evolução erudita e sem um ensino acadêmico, muitos artistas são anônimos e preservam uma atmosfera atemporal e ingênua em sua produção. A qualidade estética prima pela originalidade de soluções plásticas, caracteriza-se pela simplicidade e pelo uso frequente de cores primárias, tornando-se um estilo muito popular. Como exemplo, temos grandes nomes como Heitor dos Prazeres (com humanos no centro de seu trabalho), Djanira, Chico da Silva, José Antônio da Silva, José Rodrigues de Miranda, Agostinho Batista de Freitas, Constância Nery, Sônia Furtado, Tercília dos Santos e Dalvan da Silva Filho, entre muitos outros.
A arte moderna atual toma rumos nunca previstos. Hoje um objeto qualquer pode ser considerado arte, dependo do seu contexto e forma de análise. Temos uma grande quantidade de artes diversas que vão sendo denominadas e modificadas com o passar do tempo.
O grafite, por exemplo, surgiu na França, mas difundiu-se pelo mundo todo. Muito prestigiada no Brasil como uma maneira de comunicação e expressão, esta arte muitas vezes possui caráter político, ou demarca território, ou representa tribos e movimentos urbanos. Trata-se de inscrições, desenhos e manifestações inicialmente feitas em paredes ou lugares públicos abandonados. Hoje o grafite é visto como arte urbana. Artistas como Osgemeos já expuseram seu trabalho na fachada do Tate Modern de Londres.
Os materiais se misturam, a fotografia entra em cena e continua a transformação. Nas artes plásticas,Vik Muniz emerge como grande artista brasileiro, reconhecido internacionalmente. Seu trabalho inovador reúne fotografia e materiais perecíveis. Mais recentemente, aposta em obras de maior escala, tais como desenhos esculpidos com terra ou com enormes pilhas de lixo.
Os próximos passos da arte já estão sendo construídos. Os instrumentos de trabalho hoje são a própria extensão do corpo humano. A interatividade e a tecnologia pedem passagem, e a arte brasileira procura seu lugar.
Postado em nome de TODA a turma do 9 ano IEBG.
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